Buscamos
por certezas na vida. Desde criança ouvimos a pergunta: o que você vai ser
quando crescer? E chegar à idade adulta sem essa resposta muito clara, passa a
ser um problema. As primeiras angústias frente aos rumos da vida se iniciam...
O
grande engano é acreditar que, mesmo aqueles que nunca se inquietaram por
grandes dúvidas em relação aos planos de vida, estejam seguros e protegidos
quanto a intempéries e incertezas frente ao futuro.
A
vida é dinâmica, é fluente. E quando não é, possivelmente somos nós é que
estamos atravancando sua impetuosidade. Quando a vida não traz alavancas que
nos impulsionam a mudanças, seja por meio de oportunidades ou conflitos (o que
é muito improvável que não ocorram), inquietações sempre surgem no âmbito mais
íntimo de cada um. É quando a alma pede por mudanças!
Poeticamente
isso pode parecer muito bonito (e de fato, não deixa de ser!), mas na
realidade, mudanças nos causam muito trabalho. Como disse no inicio, somos
seres que buscamos por certezas. As incertezas nos causam pavor. Não saber qual
o próximo passo a ser dado, ou saber e não ter a coragem de avançar, ter um
plano e não ter a garantia se dará certo, se dará errado. Não temos respostas.
Só perspectivas. O que é certo, é que temos uma APOSTA. Apenas isso.
Uma
aposta significa que algo pede nosso investimento. Investimento de energia, de
pensamento, de tempo, de dinheiro. De novo, sem a garantia de que tudo dará
certo no final. Mas afinal, o que significa dar certo? Se algo em você pede por
uma mudança, significa que a situação atual já se esgotou, não lhe proporciona
mais sentido, mais prazer, ou não lhe faz gerar mais a energia necessária para a
vida. Neste sentido, “dar certo” diz menos respeito ao sucesso de sua
empreitada, e mais a seu MOVIMENTO em relação a ela.
Seguindo
a trajetória rumo ao desconhecido, mais elementos aparecem em cena, trazendo
importantes insights. Refiro-me aos APEGOS. Colocar-se a favor da mudança,
significa inevitavelmente deixar parte de uma forma de vida para trás. Renúncias
e desapegos, antes de serem libertadores, despertam incômodos e medos. Se
refletirmos o que está por trás dessas sensações, compreendemos que isso não
ocorre à toa. O apego, seja por questões materiais ou afetivas, aponta para uma
referência de identidade. Numa construção de vida (uma profissão, uma casa, uma
família, um projeto) estão embutidos sonhos, expectativas e, também,
realizações. É coerente que o sujeito se identifique com essas criações. No
entanto, transformações clamam por desapegos e renúncias. E neste ponto, vale se
pôr a questão: o que em você fica para trás? O que de você deve ser levado para
a próxima experiência? Por qual nutriente sua alma está em busca neste momento?
Quais aspectos seus necessitam desse alimento?
A
contemplação sobre os temas, mitos e imagens que virão fruto dessas questões
serão muito mais importantes que a atenção dada aos medos e incertezas sobre
esse momento. Os sentidos atribuídos a todo esse processo poderão gerar o combustível
necessário para a roda da vida continuar a girar. No seu movimento, a beleza da
vida.
Alessandra Munhoz Lazdan
Psicóloga - CRP 06/69627