sexta-feira, 26 de julho de 2019

Cobranças e desconexão nos relacionamentos amorosos

René Magritte - Les amants

O que se busca numa relação é sempre a conexão. A busca pela união e intimidade com o outro.
Quando se espera que o parceiro amoroso nos dê algo para nossa satisfação, significa que nossa disponibilidade para a união está obstruída.
É lógico que em todo relacionamento existe, e se espera, uma troca. Mas quando a relação se transforma apenas num negócio quantitativo de trocas, quando uma planilha contábil (eu te dei isso, você me deve aquilo) toma o lugar da conexão, do simples prazer de estar com o outro, algo está muito errado nessa relação.
Uma troca efetiva entre duas pessoas, para que funcione, precisa haver antes o sentimento de cuidado, de amor, de querer bem. Sem esse afeto, a relação fica baseada apenas num sistema de cobrança, com direito a juros pelos atrasos da entrega de afetos, esquecimentos, faltas, etc. E depois disso, ainda se cobra do(a) parceiro(a) (sim, mais cobrança) que se tenha desejo e tesão, de um lugar onde não se ofereceu nenhum nutriente para que se germinasse o desejo de contato e penetração com o(a) companheiro(a).
Se seu relacionamento estiver nesse esquema de “permutas”, pare tudo e reflita: em que ponto o casal se perdeu, em que momento essa união se fragmentou. Ou, algum dia vocês já estiveram realmente em sintonia?
Se for possível retomar do ponto onde o prazer de estar junto era o combustível da união, se pergunte qual troca afetiva espontânea é possível. O que você pode oferecer de maneira prazerosa, aberta e afetuosa para quem se ama?
Lembrando que somos seres incompletos e frequentemente insatisfeitos. Não será outra pessoa que lhe garantirá a felicidade e satisfação plena. Essa é uma busca individual e eterna. Num relacionamento, os amantes, na verdade, são apenas parceiros de caminhada.

Alessandra Munhoz Lazdan
Psicóloga Junguiana
CRP 06/69627

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